Autores: Urbinati, KSU; Bassan, JCB; Ribas, MR; Franchini, EF
Instituição: Grupo de Estudos e Pesquisas em Lutas, Artes Marciais e Modalidades de Combate da EEFE / USP; Grupo de Estudos em Lutas e Rendimento Esportivo, UTFPR; Laboratório de Bioquímica e Fisiologia do Exercício, Faculdade Dom Bosco
O objetivo do presente estudo foi analisar as respostas fisiológicas e metabólicas a simulação de competição de kumitê (luta). Foram avaliados oito atletas de karate da categoria juvenil (idade = 17,5±0,8), do sexo masculino, de nível nacional, especialistas na prova de kumitê, com 4±1 anos de treinamento na modalidade. As avaliações ocorreram quatro semanas antes do Campeonato Brasileiro. Para a simulação de combate, foram realizadas lutas de forma similar ao que ocorre em competição, com regras e procedimentos que regem a modalidade no sistema World Karate Federation (WKF). Os atletas foram dispostos e pareados de acordo com suas categorias de peso, e foram orientados a manter suas rotinas habituais de preparação para um evento de competição. Foi coletado 95 μL de sangue venoso do dedo médio em repouso (R), imediatamente após o combate (IPC) e cinco minutos após o combate (REC), para dosagem das seguintes variáveis em um analisador ABL Flex 800 (Radiometer Medical A/S, Denmark): pH, cHCO3- (P)c, pCO2, pO2; eletrólitos (K+, Na+, Ca+2, Cl-) e metabólitos (lactato). Também foi calculado o Strong Ion Difference (SID) para verificar disturbios do metabolismo ácido-básico (McKenna et al, 1997). A frequência cardíaca (Polar modelo S610) foi mensurada durante todo o combate e cinco minutos após o combate. Adicionalmente, foi realizada análise notacional das técnicas executadas durante as lutas, subdivididas em chutes, socos, projeções, combinações (golpes em sequência), total de golpes válidos (golpes pontuados) e número total de golpes. Realizou-se análise de variância a um fator com medidas repetidas, post hoc Bonferroni (p≤0,05) para verificar as diferenças bioquímicas em R, IPC e REC. Realizou-se correlação de Spearman (p≤0,05) para verificar as relações técnicas da luta com variáveis bioquímicas. As concentrações de Na+ e Cl-, assim como o pH, cHCO3- (P)c, pCO2, pO2 e a variação na SID, não diferiram entre os momentos (p>0,05). A concentração de lactato em R (2,6±0,9 mmol/L) foi menor (p<0,05) do que a mensurada IPC (6,4±2,9 mmol/L). A frequência cardíaca diferiu (p<0,05) entre todos os momentos em (R =64±7 bpm; IPC=191±5 bpm; REC=110 ± 8 bpm). Valores superiores (p<0,05) de Ca+2 foram mensurados na REC (1,3±0,0 mEq/L) em relação ao repouso (1,27±0,0 mEq/L) e ao IPC (1,27±0,0). Quanto maior o número de golpes no combate, maiores concentrações de Na+ (r=0,8; p=0,0) e Cl- (r=0,7; p=0,0) foram encontradas após a luta. O aumento de Na+ e Cl- pós combate estavam correlacionados a técnicas de chute (Na+, r=0,9; p=0,0 e Cl-, r=0,9; p=0,0) e técnicas de soco (Na+, r=0,9; p=0,0 e Cl-, r=0,8; p=0,0). A combinação de ataques foi associada ao aumento de pH (r=0,7; p=0,0) e golpes válidos ao aumento de Cl- (r=0,7; p=0,0). Estes resultados indicam elevadas intensidades de esforço para o kumitê. O tipo de golpe utilizado influencia na concentração de eletrólitos e metabólitos do equilíbrio ácido básico.
Apoio Trabalho: Radiometer Medical A/S, Denmark
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