Dica do Fabrício e do Fábio:
Com dinheiro em caixa, judô é destaque em pódios internacionais
Enquanto é bombardeada pelos gravíssimos problemas nos aeroportos brasileiros, provocando prejuízo aos usuários, a Infraero dá uma boa notícia para o esporte. A direção da empresa confirmou para 2011 a renovação de patrocínio com a Confederação Brasileira de Judô (CBJ) pelo sexto ano consecutivo
Surpreendentemente, porém, apesar da evolução da modalidade, com conquistas internacionais importantes, os valores são os mesmos da temporada passada: R$ 1,5 milhão e mais R$ 250 mil para o projeto “Avança Judô”.
Fontes
Os valores totais da receita da CBJ em 2010 ainda não foram divulgados em seu site, mas em 2009 a confederação recebeu R$ 10,2 milhões de patrocínios. Entre os parceiros estão, além da Infraero, o Bradesco, Cielo, Scania e Ticket.
Com outras receitas, como recursos da Lei Agnelo Piva, da qual recebeu R$ 2,5 milhões, a Confederação de Judô teve um faturamento total de R$ 13 milhões, em 2009. Os dados estão no balanço da CBJ.
Além disso, entre 2007 e 2008, o judô teve o caixa fortalecido com R$ 3,8 milhões da Lei de Incentivo ao Esporte.
Resultados
Com dinheiro, os judocas das equipes nacionais tiveram bom desempenho em eventos internacionais, em 2010.
Segundo a assessoria de imprensa da Infraero foram conquistados 258 pódios em 30 eventos disputados, média de 8,5 conquistas por competição. Leandro Guilheiro e Rafael Silva foram os que mais ganharam títulos no exterior, seis cada um.
Análise I
Apesar dos ótimos recursos, com a CBJ registrando superávit de R$ 3 milhões, em 2009, e excelentes resultados das equipes de várias categorias, recebo reclamações de atletas e pais de jovens judocas. Ambos pedem para não serem identificados temendo represálias. Lamentavelmente, isso é normal, estamos no Brasil.
O problema é que o dinheiro concentra-se na preparação de equipes e não chega à iniciação, à base, onde estão muitos atletas prontos para evoluir em suas respectivas categorias. E, sem incentivo, nem sempre podem viajar para competições que lhes garantam evolução no ranking e, assim, aumentar o número de competidores por um lugar no pódio.
Isso se repete na maioria das modalidades olímpicas.
Vou tentar uma entrevista ao presidente da CBJ, Paulo Wanderley, para esclarecer sobre esta questão.
Análise II
O atleta vitorioso – espécie de outdoor ambulante – é uma excelente vitrine para o patrocinador. Entrevistas, viagens, pódios, fama, tudo contribui para dar visibilidade à marca das empresas que investem no esporte.
No caso do judô, e mesmo com o apoio financeiro recebido, nossos atletas carregam um peso a mais em seus uniformes, pois a Infraero é responsabilizada pelo caos nos aeroportos do país, como que se verifica neste início de ano.
E isso ocorre porque os partidos políticos, vorazes devoradores de cargos públicos e com perfis mais para a corrupção do que para a construção, insistem em assumir no lugar de gente especializada. É o que a presidente Dilma quer impor em seu governo, mas o PMDB briga para manter a confusão nomeando seus partidários.
Repercussão
A revista The Economista publicou recentemente reportagem sobre os eventos esportivos no Brasil – Copa e Olimpíada – que atinge diretamente a Infraero, mesmo sem ser citada.
“Em uma conferência em novembro, Giovanni Bisignani, diretor-executivo da International Air Transport Association (Associação Internacional de Transporte Aéreo), definiu a infraestrutura de transporte aéreo do Brasil como um "desastre crescente". E afirmou que se o país quiser evitar uma "vergonha internacional" precisa mudar imediatamente. "Mas não vejo progresso e o relógio está correndo", acrescentou.
Por José da Cruz às 21h12
http://blogdocruz.blog.uol.com.br/arch2011-01-01_2011-01-31.html#2011_01-04_21_12_36-139474431-0